@malover09:

MALOVER_oficial🚷
MALOVER_oficial🚷
Open In TikTok:
Region: RO
Saturday 11 February 2023 01:07:52 GMT
2979
75
0
2

Music

Download

Comments

There are no more comments for this video.
To see more videos from user @malover09, please go to the Tikwm homepage.

Other Videos

@Felipe Gini Você já parou pra pensar que o diabo não caiu do céu, ele foi empurrado por teólogos? No segundo vídeo dessa trilogia sobre a invenção de Satanás, a gente mergulha na tradição patrística e em como o medo virou doutrina. Santo Agostinho é o ponto de virada. Ele associa o pecado original à desobediência e transforma Satanás num rebelde metafísico, que arrasta consigo anjos e humanidade. O inferno, que antes era metáfora de separação, vira punição eterna. A partir daqui, a culpa não é só sua, ela já nasceu com você. Mas Agostinho não estava sozinho. A patrística era um campo de disputa filosófica entre duas escolas: Antioquia, que lia a Bíblia de forma literal e dramática, e Alexandria, profundamente influenciada por Platão. Na escola alegórica de Alexandria, nomes como Orígenes e Clemente acreditavam que o mal era ausência de bem, e que todos até o diabo - poderiam, um dia, retornar a Deus. Essa ideia nasce do neoplatonismo, que via o universo como uma escada entre a luz e a sombra, e o inferno como distância, não punição. Só que essa leitura perdeu. Em 553 d.C., no Segundo Concílio de Constantinopla, a Igreja condena como heresia a apocatástase - doutrina que dizia que até Satanás poderia ser salvo. Orígenes é apagado. E o neoplatonismo, silenciado. A partir daí, a teologia medieval transforma a metáfora em estrutura. O medo em sistema. Anselmo de Cantuária, no século XI, afirma que o pecado não é só erro: é uma ofensa à honra divina. E como Deus é infinito, só um castigo eterno é justo. Pedro Lombardo, no século XII, organiza os demônios em hierarquias. Cada um tem função, classe, nível. O inferno vira um organograma. A culpa, um código. Tomás de Aquino, no século XIII, mistura Aristóteles e teologia: o diabo agora é um anjo dotado de razão, criado por Deus, que escolheu o mal. E por isso, merece o castigo eternamente. A Igreja constrói um Deus platônico que julga como Aristóteles. A luz eterna se curva à letra da lei. E é com Dante Alighieri, já no século XIV, que tudo ganha imagem. O Inferno tem nove círculos. Lúcifer está no centro da Terra, congelado, mastigando Judas. O medo vira poesia. E a culpa, cenário. O que antes era símbolo, agora é sentença. O que era alegoria, agora é dogma. Salva esse vídeo e comenta “parte 3”, porque a gente ainda vai ver como Lutero e Calvino transformaram o diabo numa guerra dentro da própria alma e como, no mundo moderno puritano, pentecostal e neopentecostal ele voltou a morar no outro sendo usado como instrumento separação entre
@Felipe Gini Você já parou pra pensar que o diabo não caiu do céu, ele foi empurrado por teólogos? No segundo vídeo dessa trilogia sobre a invenção de Satanás, a gente mergulha na tradição patrística e em como o medo virou doutrina. Santo Agostinho é o ponto de virada. Ele associa o pecado original à desobediência e transforma Satanás num rebelde metafísico, que arrasta consigo anjos e humanidade. O inferno, que antes era metáfora de separação, vira punição eterna. A partir daqui, a culpa não é só sua, ela já nasceu com você. Mas Agostinho não estava sozinho. A patrística era um campo de disputa filosófica entre duas escolas: Antioquia, que lia a Bíblia de forma literal e dramática, e Alexandria, profundamente influenciada por Platão. Na escola alegórica de Alexandria, nomes como Orígenes e Clemente acreditavam que o mal era ausência de bem, e que todos até o diabo - poderiam, um dia, retornar a Deus. Essa ideia nasce do neoplatonismo, que via o universo como uma escada entre a luz e a sombra, e o inferno como distância, não punição. Só que essa leitura perdeu. Em 553 d.C., no Segundo Concílio de Constantinopla, a Igreja condena como heresia a apocatástase - doutrina que dizia que até Satanás poderia ser salvo. Orígenes é apagado. E o neoplatonismo, silenciado. A partir daí, a teologia medieval transforma a metáfora em estrutura. O medo em sistema. Anselmo de Cantuária, no século XI, afirma que o pecado não é só erro: é uma ofensa à honra divina. E como Deus é infinito, só um castigo eterno é justo. Pedro Lombardo, no século XII, organiza os demônios em hierarquias. Cada um tem função, classe, nível. O inferno vira um organograma. A culpa, um código. Tomás de Aquino, no século XIII, mistura Aristóteles e teologia: o diabo agora é um anjo dotado de razão, criado por Deus, que escolheu o mal. E por isso, merece o castigo eternamente. A Igreja constrói um Deus platônico que julga como Aristóteles. A luz eterna se curva à letra da lei. E é com Dante Alighieri, já no século XIV, que tudo ganha imagem. O Inferno tem nove círculos. Lúcifer está no centro da Terra, congelado, mastigando Judas. O medo vira poesia. E a culpa, cenário. O que antes era símbolo, agora é sentença. O que era alegoria, agora é dogma. Salva esse vídeo e comenta “parte 3”, porque a gente ainda vai ver como Lutero e Calvino transformaram o diabo numa guerra dentro da própria alma e como, no mundo moderno puritano, pentecostal e neopentecostal ele voltou a morar no outro sendo usado como instrumento separação entre "nós" e "os condenados"

About