@felipegini: Para o desespero de Marilena Chaui e Mônica de Boile, a proposta de Erika Hilton e sua presença na política representam não apenas um avanço nas pautas de identidade, mas como está evidente, nas pautas de proteção da classe trabalhadora, afinal pessoas trans tem maior parte de sua empregabilidade em postos de trabalho com escala 6x1. A PEC em questão é uma oportunidade para fortalecer a luta coletiva que tem sofrido com a fragmentação dos modelos de trabalho e o afastamento da classe trabalhadora das tradicionais estruturas de representação sindical. Tal diversidade de representação, que inclui vozes de identidades marginalizadas, demonstra, ao contrário do que argumentam as duas articulistas mencionadas que pautas identitárias e trabalhistas não são autoexcludentes; pelo contrário, elas se complementam de forma produtiva e solidária, aumentando a identificação de pessoas à margem da sociedade com pautas relacionadas à esquerda. Com o ingresso de pessoas trans, pessoas pretas e outras minorias sociais no campo político, surge uma nova legitimidade para as causas da classe trabalhadora, a qual passa a ser vistas sob uma perspectiva mais inclusiva e complexa. Nesse sentido, a diversidade de pensamentos e identidades fortalece a esquerda, ao fazer com que mais setores da população se reconheçam nessas pautas trabalhistas, reforçando sua adesão. Ao mesmo tempo, essa pluralidade permite que o engajamento se amplie, uma vez que questões as quais afetam trabalhadores afastados de sindicatos e representações tradicionais entram no debate. Dito isso, a presença de Hilton no Congresso possibilita que a pauta econômica da esquerda se atualize, incorporando desafios contemporâneos. Essa diversidade de representantes, longe de enfraquecer o movimento trabalhista, renova sua identidade. Ao incorporar as vivências de pessoas que enfrentam opressões múltiplas, como Erika, a pauta econômica da esquerda também ganha em legitimidade e alcance, pois assim reflete essa multiplicidade de experiências, reafirmando o sentido último da esquerda: a solidariedade de classe.

Felipe Gini

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Tuesday 12 November 2024 20:19:20 GMT