Lula não é neoliberal, ele é um liberal clássico, e isso não é nenhum problema. Pelo contrário, é até positivo que suas políticas públicas sigam uma lógica de mercado funcional. O problema surge quando ele se apresenta ou é visto como um representante legítimo da esquerda. Isso desloca a janela de Overton, limitando o debate político e restringindo as alternativas ideológicas. A janela de Overton é o espectro de ideias consideradas aceitáveis em um dado momento pela opinião pública. Quando uma figura amplamente reconhecida como de esquerda promove ideias de centro ou de liberalismo clássico, como é o caso de Lula, ela redefine o que é visto como "esquerda" no debate público. Isso empurra a verdadeira esquerda para fora da janela de Overton, tornando suas propostas e ideias aparentemente radicais e inviáveis, ao mesmo tempo que permite para pessoas da extrema direita terem as suas propostas e ideias aceitadas como aparentemente normais e viáveis. As políticas públicas de Lula refletem a lógica do trickle-down economics, ou seja, a ideia de que é necessário "crescer o bolo" antes de redistribuí-lo. Programas como o Bolsa Família transferem renda diretamente às famílias, mas o fazem em um contexto de fortalecimento do mercado consumidor e crescimento econômico. A Conab, por sua vez, beneficia grandes agropecuaristas ao adquirir grãos para programas de combate à fome, incentivando a concentração de lucros no agronegócio. O Minha Casa Minha Vida segue essa mesma lógica: incentiva a construção civil por meio de benefícios fiscais e financiamentos para grandes construtoras, enquanto promove habitação popular. Em todas essas políticas, há um fortalecimento inicial de setores do mercado, para que os resultados "gotejem" em forma de programas sociais. Ao longo de suas gestões, as políticas públicas de Lula demonstram de forma inequívoca que ele é um liberal clássico. O Bolsa Família, por exemplo, transfere renda diretamente às famílias, dando autonomia ao indivíduo, um valor fundamental do liberalismo clássico. No combate à fome, o governo utiliza a Conab para comprar de grandes agropecuaristas, fomentando o mercado em vez de substituí-lo. Na educação, programas como o ProUni e o Fies fortalecem parcerias público-privadas, beneficiando instituições financeiras e universidades privadas, ao invés de expandir diretamente a educação pública gratuita. O Minha Casa Minha Vida, por sua vez, cria incentivos fiscais para grandes construtoras enquanto viabiliza moradias populares. Essas ações demonstram que a administração de Lula incorporou elementos de uma economia de mercado funcional, mas, ao mesmo tempo, deslocou o debate político, dificultando a emergência de alternativas verdadeiramente progressistas. Isso não torna Lula ruim, mas aponta para o problema de um país cuja principal liderança dita de esquerda opera dentro dos limites do liberalismo clássico. #Lula #polemica #tiktokbrasil #liberal #janeladeoverton - @felipegini